O câncer de próstata continua sendo uma das principais causas de morte entre homens no Brasil. Dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) mostram que o país registrou 17.587 óbitos pela doença em 2024 — média de 48 mortes por dia. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), esse é o segundo tipo de câncer mais frequente na população masculina, atrás apenas do câncer de pele não melanoma, e cerca de 75% dos casos ocorrem a partir dos 65 anos.
Em referência ao Dia Nacional de Combate ao Câncer, lembrado em 27 de novembro, e à campanha Novembro Azul, o urologista Paulo Alves, do Hospital da Pessoa Idosa, no Recife, reforça a importância da atenção à saúde prostática na população idosa. “A idade é um dos fatores de risco mais importantes. Alterações hormonais e estruturais da próstata se acumulam ao longo da vida e se manifestam principalmente após os 50 anos”, afirma.
Além da idade, outros fatores aumentam o risco da doença, como histórico familiar, sedentarismo, obesidade, alimentação rica em gorduras e etnia — homens negros ou com ascendência africana apresentam maior probabilidade de desenvolver o câncer.
Por ser silencioso, o câncer de próstata pode evoluir sem sintomas. “As alterações costumam surgir em estágios avançados, com mudanças no padrão urinário, dor e sangramentos. Há doenças benignas que provocam sintomas semelhantes, por isso não é recomendável confiar apenas nas queixas”, alerta o especialista.
O rastreio precoce, segundo o médico, é a principal estratégia de prevenção e detecção. “Pacientes de grupos de risco podem não evitar a doença, mas conseguem diagnosticá-la mais cedo, aumentando as chances de cura”, explica. Ele também ressalta a adoção de hábitos saudáveis como fator protetor.
O preconceito em torno do toque retal ainda afasta muitos homens dos consultórios, mas o médico destaca a importância do procedimento. “É um exame rápido e essencial. Ele permite identificar alterações suspeitas que nem sempre aparecem em exames laboratoriais”, afirma. Segundo ele, a mentalidade dos pacientes tem mudado, especialmente diante da compreensão de que o diagnóstico precoce favorece a preservação da função sexual.
No ambulatório de Urologia do Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa (HECPI), o rastreamento é oferecido aos homens a partir dos 50 anos, ou dos 45 para aqueles com fatores de risco. A avaliação inclui exames laboratoriais, toque retal e exames de imagem, como ultrassom e ressonância, quando necessário. Casos confirmados são encaminhados para serviços especializados do Sistema Único de Saúde (SUS).
O acesso ao ambulatório ocorre via Central de Regulação do Recife, após atendimento prévio em uma Unidade Básica de Saúde.
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