Com o “dia D” da Black Friday marcado para esta sexta-feira (28), o varejo projeta um dos períodos mais intensos de vendas do ano. A expectativa é de que os consumidores aproveitem os descontos agressivos oferecidos pelas lojas físicas e online. No entanto, enquanto o comércio comemora, especialistas em finanças pessoais reforçam o alerta: a data também pode ampliar o endividamento das famílias e aumentar a vulnerabilidade a golpes digitais.
O economista e planejador financeiro Danilo Miranda explica que a Black Friday é estruturada para estimular decisões rápidas. Contagens regressivas, ofertas-relâmpago, estoques limitados e mensagens que reforçam a “oportunidade imperdível” são estratégias que aumentam a sensação de urgência e, consequentemente, o consumo impulsivo. Segundo ele, esse ambiente é favorável ao varejo, mas perigoso para quem já vive com o orçamento comprometido.
A preocupação é reforçada pelo cenário atual, em que grande parte das famílias brasileiras enfrenta dificuldades para equilibrar despesas, especialmente por causa do uso frequente do cartão de crédito e de financiamentos de curto prazo. De acordo com Miranda, promoções chamativas podem levar consumidores a extrapolar seus limites financeiros e comprometer a renda futura. “Desconto não transforma um item desnecessário em oportunidade”, afirma. Segundo o economista, a regra prática é simples: antes de comprar, o consumidor deve se perguntar se realmente precisa do produto. “Se a resposta for ‘não sei’, o mais seguro é não comprar”, orienta.
Além do risco financeiro, a Black Friday também se tornou terreno fértil para golpes. A movimentação intensa de compras atrai criminosos que criam sites falsos, anúncios fraudulentos e perfis que imitam lojas oficiais. Os golpistas usam páginas com pequenas alterações no nome, valores muito abaixo da média e links enviados por mensagens diretas para enganar consumidores. Para evitar prejuízos, Miranda recomenda desconfiar de ofertas excessivamente vantajosas, verificar CNPJ e URL das empresas e realizar compras apenas em canais oficiais.
Como estratégia de proteção, o economista reforça a importância do planejamento financeiro. Ele orienta que a Black Friday seja tratada como parte de um plano de compras, e não como um evento de impulso. Acompanhar preços com antecedência, priorizar itens já previstos no orçamento e avaliar a real necessidade da aquisição são medidas essenciais para evitar o descontrole. “A Black Friday deve ser uma oportunidade para economizar, não um gatilho para desorganizar a vida financeira”, destaca. Em um momento de recuperação econômica gradual e incertezas, Miranda lembra que moderação é fundamental. “A melhor economia, muitas vezes, é não gastar com o que não é necessário”, completa.
Foto/ Imagem: Criação/ Chat GPT
